O novo BMW Série 1 parece ter saído de um laboratório de pesquisas da Apple. Para quem não sabe, os engenheiros da gigante da computação, que desenvolvem do iPhone ao supercomputador iMac, são fissurados em capricho estético e precisão de funcionamento. O mesmo rigor que se tem com um potente laptop também é exigido nos simples iPods.
Em uma escala diferente podemos comparar a qualidade e cuidado na construção da segunda geração do Série 1 com a versão mais recente e luxuosa de suntuoso sedã Série 7 ou o jipão X5. A renovação fez bem não só ao produto, como também à categoria, que ganhou um refinamento até então inédito – logo depois vieram os contra-ataques de Audi e Mercedes, que ainda não chegaram ao Brasil.
A segunda geração do “1” estreou no final de 2011, encerrando assim a linha passada E87 (internamente, a marca se refere por códigos, dependendo da geração), que teve a importante missão de instituir a categoria hatchback no portfólio da BMW. Antes disso a marca teve apenas os modelos “Compact” na década de 1990, que na verdade eram versões “notchbacks”, uma espécie de três volumes mais curto, do então sedã Série 3.
O modelo repaginado acertou em cheio ao reunir um pacote completo de modificações, que implicou em grandes melhorias mecânicas, de conforto, desenho e, principalmente, funcionalidade. Tudo no modelo tem uma função clara e objetiva, como as pesadas portas, que ficam leves com um interessante sistema hidráulico de abertura, até a potência na medida certa para realizar manobras de ultrapassagem com plena segurança.
Sistema de som, computador de bordo e navegador GPS são facilmente controlados pelo sistema iDrive, com seu botão giratório no centro do console e conexão para iPhone, e o ajuste dos bancos e volante, embora manuais, é muito preciso na hora de encontrar uma posição confortável para guiar. Se não entender algo, o que é difícil neste carro, basta consultar o manual digital no sistema de entretenimento. Lá que eu vi, por exemplo, que os pneus do carro são runflat depois de não encontrar o estepe no porta-malas ou debaixo da carroceria.
Motor franco-alemão
Sabia que o motor do novo Série 1 é o mesmo do Peugeot 3008 e o Citroën DS3? Pois é, o carro alemão é impulsionado pelo motor 1.6 THP que estreou primeiro nos carros do Grupo PSA e somente agora começa a aparecer nos modelos alemães. Esse bloco é o principal fruto da parceria entre as montadoras e melhorou consideravelmente o nível dos veículos da PSA.
E o motor também corresponde à expectativa no compacto da BMW. A versão ajustada para o 118i gera 170 cv (os modelos PSA têm 160 cv) e bons 25 kgfm de torque máximo, disponível na faixa plana entre 1.500 rpm e 4.500 rpm. O bom rendimento vem da combinação do bloco de alumínio, sistema de injeção direta de gasolina e o turbocompressor - esses componentes são o que há de mais moderno no desenvolvimento atual de motores a combustão.
Já ouviu falar de um hatchback com câmbio automático de 8 marchas? Isso não existia até a chegada do novo carro da BMW, cuja caixa ainda tem comando sequencial na alavanca com formato de joystick, como nos modelos superiores da fabricante alemã (Série 5, X6, Série 7...).
Trata-se de um veículo notadamente bem ajustado. O acerto de suspensão é praticamente perfeito para lidar com o duro asfalto brasileiro, mas ele ainda, de vez em quando, raspa em valetas mais acentuadas. As trocas de marcha do câmbio são muito suaves, seja no modo automático ou sequencial. O silêncio a bordo também merece um elogio: muito bom, no mínimo.
E também um carro muito agradável de dirigir, com boas respostas de aceleração e vigor, apesar do pequeno motor, para acelerar fundo. Segundo números da BMW, o 118i, igual ao que o iG Carros testou, acelera do 0 aos 100 km/h em 7,1 segundos e atinge 221 km/h de velocidade máxima. O baixo consumo também é outro ponto positivo. A marca afirma que o carro faz 13 km por litro de gasolina na cidade e até 20 km na estrada (média de 16,6 km/l) – o carro tem até Stop/Start, sistema que desliga o motor em paradas curtas, como em semáforos e situações de trânsito pesado, e o religa quando o pedal do freio é aliviado.
Representante pródigo
Como se vê, o Série 1 2013 ainda não tem rivais a altura no mercado brasileiro, o que faz dele um dos melhores carros da categoria dos hatches médios, se não o Top 1. Mercedes-Benz, Audi e até Volvo já estão armados com modelos para o ramo, mas eles ainda não têm data para chegar ao Brasil. Azar o deles. Enquanto isso a BMW reinará sozinha.
Além da completa reformulação, o hatch alemão também ganhou as versões Urban e Sport, que muda elementos visuais do carro de acordo com o tema. A marca cedeu o primeiro para nossa avaliação, que tem discretas rodas aro 17” e detalhes no parachoque e interior com aspecto mais sofisticado. Na série Sport o visual é mais espalhafatoso.
Obviamente, o novo Série 1 é um dos carros mais caros de seu segmento. A brincadeira começa em R$ 113.370 e dependendo dos itens extras pode bater nos R$ 122.900. Caro para um hatch, mas este, mesmo pequeno, vem com todas as benesses que a BMW já inventou.